Curadoria: André Luiz Pinto dos Santos
Hera de Deus Brigagão, vive e trabalha na cidade de Bragança no Estado do Pará. Traz ao público, um pouco de sua produção de trabalhos realizados a partir da linguagem do desenho e da pintura. Como a maioria dos jovens que busca uma formação acadêmica na área de artes visuais, Hera Brigagão, se interessou pelo encantamento da representação realista nestas linguagens, tendo forte inclinação para o realismo e, em alguns casos até para o hiper-realismo.
Nos últimos dois anos, começou a ampliar a compreensão do universo das artes visuais, entendendo, as possibilidades do desenho e da pintura na contemporaneidade. Passou a desenvolver processos de pesquisa teórica e plástica para dar maior sustentação em suas produções, e os resultados já começam a surgir.
Em 2021, Hera Brigagão, participou da 6ª Mostra de arte da primavera; 3ª Mostra de arte cultura afro-brasileira, ambas promovidas pela Secretaria da Cultura da Cidade de Taubaté-SP e do 5° Salão de arte palmense, promovido pela Secretaria da Cultura da Cidade de Palmas-TO.
As últimas obras produzidas pela artista dialogam com temas atuais da sociedade brasileira, como a pandemia do COVID19, questões étnico-raciais e de loco-regional, mostrando um pouco do estado onde vive.
Na obra “Pátria amada”, por exemplo, Brigagão faz uma homenagem por meio de sua arte a todas as mulheres, mas, em especial, a mulher preta. A partir de um trabalho realizado em uma técnica mista de desenho a grafite e pintura acrílica sobre papel, a artista, mostra uma mãe que amamenta o seu filho na frente do recorte da bandeira do Brasil e com isso, gera uma rede complexa de significados. Ora, a pátria pode fornecer o sustento aos seus filhos, assim como a mãe que alimenta o seu filho, mas será que essa pátria olha para todos de uma maneira igualitária? O brinco da mãe é representado pela esfera azul e branca da bandeira, mas, em proporções bem reduzidas, assim como os olhares que se desviam da mirada do observador. Essas e outras provocações e/ou insinuações, mostram o amadurecimento da produção da artista.
A liberdade técnica também e faz presente em “Permita renascer”, um grafite sobre papel em que Hera Brigagão, de uma forma ainda tímida, mas presente, fez a junção de significados entre uma máscara utilizada no decorrer da pandemia do COVID19 e um pequeno broto de feijão. É como se a artista provocasse o observador para juntamente com ela, construísse uma narrativa ímpar. Em outras palavras, a bela natureza-morta, trás consigo e de maneira velada, o pedido: “cuide-se!”.
Questões como estas começam a desabrochar na produção de Hera Brigagão e estão sendo notadas pelos críticos de diferentes estados, o que nos faz crer que a artista está no caminho certo.
“Égua!” feliz é o estado do Pará que pode desfrutar da produção da produção de Hera Brigagão in loco. Esperamos que o caminho de nossa artista seja longo e repleto de muito aprendizado, e frutos doces para serem colhidos.